segunda-feira, 24 de março de 2014

Amizade virtual


No último texto, falei sobre amizades e como as coisas mudam a ponto de nos distanciarmos daqueles que um dia foram como uma família para nós. Não se trata de uma distância física - que, muitas vezes, nem existe ou é tão grande -, mas um distanciamento de ideias, sentimentos e ações. Há um tempo não muito passado, uma conversa por telefone resolveria muitas destas questões, mas ele - o telefone - tornou-se um aparelho cada vez mais limitado ao uso da internet. Ninguém mais se fala, só tecla.

Em contrapartida, há também muitas verdadeiras amizades que surgiram no ambiente virtual e - pasmem! - praticamente nenhuma se concretizou fora dele, mas são tão importantes, ou mais, que outras que estão ao lado. São pessoas que partilham gostos, opiniões, risos e - se fosse o caso - poderiam ser facilmente descartadas com um clique; mas não o são. 

Certa vez, mencionei que nenhum dos meus amigos jamais leu meus blogs, no entanto, formei nesse meio um círculo muito bom de relacionamento. Um escreve, os outros comentam e, assim, vamos nos conhecendo e estreitando nossos laços. Aí, surgiram as redes sociais, MSN e Skype. Este último, aliás, onde encontrei outras amizades que se limitam a este território, mas com as quais converso com frequência, desabafo, me preocupo e até aconselho. São amizades que talvez nunca se concretizem fisicamente, mas que são fortes e verdadeiramente reais.

Encerro com as palavras do filósofo francês Pierre Lévy, um dos maiores estudiosos sobre a internet, em "O que é o virtual?":

“A palavra virtual vem do latim virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, potência. Na filosofia escolástica, é virtual o que existe em potência e não em ato.” (Pág. 15)

“Em termos rigorosamente filosóficos, o virtual não se opõe ao real, mas ao atual: virtualidade e atualidade são apenas duas maneiras de ser diferentes.” (Pág. 15)

“A virtualização é um dos principais vetores da criação da realidade.” (Pág. 18)

“O virtual [não] é [apenas] imaginário. Ele produz efeitos.” (Pág. 21)

Sejamos virtuais e, quem sabe, um dia, seremos atuais.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Quando tudo mudou?



Quando é que mudamos e aquelas pessoas pelas quais daríamos o mundo se tornam quase estranhos? Quando é que as pessoas mudam a ponto de não nos identificarmos mais com elas? E quando nos damos conta de tudo isso???

Houve uma época em que via nos amigos as pessoas mais importantes da minha vida. Usando todos os chavões possíveis, "a família que a gente escolhe", "os irmãos que a vida nos deu", "amigos do peito" e blá, blá, blá. Até que...

Até que um dia nos damos conta que as coisas mudaram. As relações outrora tão íntimas e indispensáveis assumiram outra - na verdade, pouca - importância em nossas vidas atuais. Culpa do cotidiano? Da rotina? Do casamento? Acho que um pouco de cada.

Faz parte do amadurecimento. Talvez do envelhecimento. Nossas carências mudam e as lacunas afetivas vão sendo preenchidas - ou melhor, substituídas -, e os espaços que alguns ocupavam não existem mais. É claro que sempre haverá lugar para aqueles que amamos. O sentimento não acaba, não ainda; mas a necessidade de estar juntos se resume a encontros esporádicos no decorrer do ano. E assim somos felizes. E somos amigos. Pode até ser que por pura conveniência, mas amigos.

sábado, 8 de março de 2014

É só na vida acreditar

Procurava músicas infantis para a festa de aniversário da minha filha, quando veio um sentimento retrô anos 80 inspirado por essa música que sempre me deixa com os olhos marejados...


Que me desculpem os mais novos, mas aquilo é que foi infância: inocente, pura e livre.