Bullying World

Lembro de uma época em que quem usava óculos era chamado de "quatro olhos", se tivesse muitas espinhas era "Chokito", se não cresceu muito virava "pintor de rodapé" ou "salva-vidas de aquário", se não gostasse de futebol, com certeza era "viado" e outros elogios mais. Pois bem, as espinhas o tempo curou, os óculos foram extintos com uma cirurgia, continuo sem gostar de futebol mas, hoje em dia, isso pouco importa. Só a altura que não teve mesmo jeito, mas aprendi a também tirar vantagem disso, afinal, "são nos menores frascos que estão os melhores perfumes... e os piores venenos!". Posso dizer que fui "vítima" de vários tipos de bullying, e sobrevivi a todos eles sem me tornar um psicopata ou alguém amargurado com a sociedade. Ao contrário, eles serviram para moldar meu caráter, "endurecer a casca" e me tornarem mais forte para vencer futuros obstáculos. Ah, e também era tímido! Ou melhor, sou. Quer dizer, cada vez menos...

Há que se chegar a um consenso sobre o que caracteriza uma agressão traumática e o que é apenas brincadeira de criança. Ou então, viveremos num mundo cada vez mais isolado, em que teremos medo de nos relacionarmos, pois qualquer palavra mal colocada pode ser interpretada com tom jocoso e aí... dá-lhe bullying! Já tive um professor "bode velho", uma vizinha "magricela" e outra "velha maluca", um amigo "babão", outro "bolha" e um negro "tiziu". Piadinhas infantis e maldosas. Seria bullying? Hoje em dia, quem sabe?!?

Felizmente, fora uns cascudos merecidos por implicar com os garotos mais velhos, nunca fui vítima de agressões físicas. E, posso estar até simplificando, mas acho que aí está a diferença. Foram poucos os xingamentos que realmente me afetaram, mas se tivesse levado um soco ou um tapa seria uma mágoa que iria guardar por muito tempo. O contato físico é impossível de ignorar. Aprendi com os desenhos que "paus e pedras podem quebrar meus ossos, mas palavras nunca!". No entanto, tudo isso junto pode destruir uma vida.

É... nossas crianças precisam reaprender a brincar. Ou o mundo vai ficar muito sem graça.